Há muito que se discute sobre este antagonismo,
como se uma não dependesse completamente da outra para a produção da
expressividade musical, pelo menos desde o século XVII. Não existiria o barroco
se não houvesse o jogo de tensão e repouso produzido pelo uso constante de
dissonâncias que se resolvem.
Ah! Mas então o problema é a resolução? E se não
houver resolução, a música torna-se inabilitada para a audição, ou pelo menos
para o deleite musical? Quanto já se discutiu sobre isto, e ainda se
discute. E no tocante à música sacra?
Esta instituição advinda do canto gregoriano, tão desprovido de tensões que
chegou a ser acusado de música alienatória, criada para ajudar a Igreja
Católica a conduzir pacatamente suas ovelhas, é ela capaz de aceitar que a
dissonância se propague dentro de sua santidade? Bem, na verdade, já se
imiscuiu há muito tempo, existindo como elemento presente desde o século XVIII,
quando começou a existir dentro da Igreja Luterana, a qual solicitava aos seus
compositores que criassem ambientes musicais representativos das várias
passagens bíblicas, sejam elas oratórios de natal, ou paixões de morte de Jesus
Cristo. E como pensar paixões sem tensões intensas, buscadas (e alcançadas)
através das dissonâncias?
Então, quando se fala em música sacra
contemporânea, moderna, se pensam em harmonias horripilantes, desagregadoras e
“feias”. Isto não existe. Um conselho: procurem o repertório correto.
Dissonância
X
Consonância
Que maravilha Arnon! Saudades das nossas aulas de História da Música e Estruturação e Análise Musical. A ponta do iceberg começava a ser desvendada nesse universo imenso que é a música. É mais do que importante o maestro se antenado e conhecer os diferentes períodos de transformação da música e como ele pode usar ao seu favor antes de ficar falando beesteiras..!
ResponderExcluirAbraços
Viva a dissonância! É o tempero da vida...
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