sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Consonância x dissonância


Há muito que se discute sobre este antagonismo, como se uma não dependesse completamente da outra para a produção da expressividade musical, pelo menos desde o século XVII. Não existiria o barroco se não houvesse o jogo de tensão e repouso produzido pelo uso constante de dissonâncias que se resolvem.

Ah! Mas então o problema é a resolução? E se não houver resolução, a música torna-se inabilitada para a audição, ou pelo menos para o deleite musical? Quanto já se discutiu sobre isto, e ainda se discute.  E no tocante à música sacra? Esta instituição advinda do canto gregoriano, tão desprovido de tensões que chegou a ser acusado de música alienatória, criada para ajudar a Igreja Católica a conduzir pacatamente suas ovelhas, é ela capaz de aceitar que a dissonância se propague dentro de sua santidade? Bem, na verdade, já se imiscuiu há muito tempo, existindo como elemento presente desde o século XVIII, quando começou a existir dentro da Igreja Luterana, a qual solicitava aos seus compositores que criassem ambientes musicais representativos das várias passagens bíblicas, sejam elas oratórios de natal, ou paixões de morte de Jesus Cristo. E como pensar paixões sem tensões intensas, buscadas (e alcançadas) através das dissonâncias?

Então, quando se fala em música sacra contemporânea, moderna, se pensam em harmonias horripilantes, desagregadoras e “feias”. Isto não existe. Um conselho: procurem o repertório correto.


Dissonância
X
Consonância



2 comentários:

  1. Que maravilha Arnon! Saudades das nossas aulas de História da Música e Estruturação e Análise Musical. A ponta do iceberg começava a ser desvendada nesse universo imenso que é a música. É mais do que importante o maestro se antenado e conhecer os diferentes períodos de transformação da música e como ele pode usar ao seu favor antes de ficar falando beesteiras..!

    Abraços

    ResponderExcluir
  2. Viva a dissonância! É o tempero da vida...

    ResponderExcluir