Há bem pouco tempo, os corais tinham por hábito
montar seus concertos em duas partes: uma com músicas sacras, e outra com
músicas profanas (posteriormente, chamávamos a segunda parte de “populares”).
Hoje, os concertos são mais ecléticos, sendo que os gêneros não mais são
diferenciados. Canta-se música coral, e pronto.
Eu próprio fui um dos que considerava importante
uma mistura dos gêneros, por entender que sua separação trazia mais prejuízos do
que benefícios. No entanto, o tempo passa e a distância dos elementos
exclusivamente sacros começa a fazer falta na completa maneira de pensar o
interpretar a música. Há uma discussão constante do que é o “mistério” quando
se canta música sacra, que não é possível pensar em outros gêneros. Termos como
“amor”, “prazer”, “gozo”, “êxtase”, “paixão”, “sofrimento”, “desespero”, etc.
têm significado único e diferente neste contexto, e é justamente na
diferenciação da música coral da instrumental que a palavra tem a sua
importância máxima. O termo para isto é verbalização. Para quem canta, o texto
de São João é altamente significativo: No princípio era o Verbo, e o Verbo se
fez... cantando.
No nosso tempo, exprimir-se em termos sacros não é
bem visto quando se canta em teatro. Música sacra se faz na igreja, e ponto.
Desconsideremos. Música sacra se canta em qualquer lugar, porque ela é única
enquanto sacra, porque ela evoca em nós sensações e sentimentos os quais não
são “palpáveis”, nem “visíveis” na música popular (profana). São universos
diferentes. Faz parte do “MISTÉRIO”. Amém.
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