quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Agnus Dei/Dona nobis (Carlos Alberto Pinto Fonseca)


De tempos em tempos há que se lembrar deste que foi o nosso regente maior na arte coral. À frente do Ars Nova, Carlos Alberto era um leão quando se tratava de peças de efeitos, e uma figura humana da maior doçura quando o assunto era a expressividade. Isto podemos ver nesta obra-prima em duas partes, criada por ele, que é o Agnus Dei e o belíssimo Dona nobis pacem, partes finais da incrível Missa Afro-Brasileira de batuque e acalanto, escrita em 1971.

O Agnus Dei divide suas duas partes entre ritmos baseados no samba-canção, sendo que as melodias são acompanhadas ritmicamente pelas vozes graves, com os baixos se comportando como verdadeiras notas graves de violão. Acrescente um pandeiro e tudo está no lugar.


O Dona nobis é uma oração, onde o compositor cria musicalmente a essência para o texto que suplica a Deus que nos dê paz. Mas, como Carlos Alberto escreve na introdução da missa, impossível manter um clima pacífico até o fim, sendo que as conturbações deste mundo, e do nosso tempo, exigem que o nosso grito seja ouvido, talvez com a intenção de acordar aqueles que teimam em não ter fé, conturbando mais ainda este mundo.




Um comentário:

  1. Cantei sob a regência do Carlos Alberto no Ars Nova e no Coral Lírico de Minas Gerais e tive a
    oportunidade de dizer várias vezes a ele que com esse Agnus Dei/Dona nobis ele tinha ganho muitas indulgências no céu. Míriam Borges.

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