De tempos em tempos há que se lembrar deste que foi
o nosso regente maior na arte coral. À frente do Ars Nova, Carlos Alberto era
um leão quando se tratava de peças de efeitos, e uma figura humana da maior
doçura quando o assunto era a expressividade. Isto podemos ver nesta obra-prima
em duas partes, criada por ele, que é o Agnus Dei e o belíssimo Dona nobis
pacem, partes finais da incrível Missa Afro-Brasileira de batuque e acalanto,
escrita em 1971.
O Agnus Dei divide suas duas partes entre ritmos
baseados no samba-canção, sendo que as melodias são acompanhadas ritmicamente
pelas vozes graves, com os baixos se comportando como verdadeiras notas graves
de violão. Acrescente um pandeiro e tudo está no lugar.
O Dona nobis é uma oração, onde o compositor cria
musicalmente a essência para o texto que suplica a Deus que nos dê paz. Mas,
como Carlos Alberto escreve na introdução da missa, impossível manter um clima
pacífico até o fim, sendo que as conturbações deste mundo, e do nosso tempo,
exigem que o nosso grito seja ouvido, talvez com a intenção de acordar aqueles
que teimam em não ter fé, conturbando mais ainda este mundo.
Cantei sob a regência do Carlos Alberto no Ars Nova e no Coral Lírico de Minas Gerais e tive a
ResponderExcluiroportunidade de dizer várias vezes a ele que com esse Agnus Dei/Dona nobis ele tinha ganho muitas indulgências no céu. Míriam Borges.