Das muitas memórias que tenho dos vídeos produzidos com o Madrigale em 2020, tempo de pandemia, In My Life ocupa um lugar especial. Foi gravado no auge das restrições, quando a sala do coro, sempre cheia de vozes, conversas e afetos, ficou reduzida ao silêncio. No vídeo, um dos cantores (Leandro Braga) vai até lá: a porta se abre, o rangido ressoa, e as cadeiras vazias dizem tudo. Só quando a câmera encontra o piano é que a música começa, agora cantada de longe, cada um no seu canto, mas ainda juntos. E assim a música se faz.
Foram tempos em que cada rotina virou um mundo próprio:
alguém se arruma como se fosse para um concerto, outro prepara o café, outro
estuda a partitura, alguém rega plantas, outro apenas olha a paisagem. Pequenos
gestos que, somados, revelam o que a pandemia nos obrigou a aprender: cantar
sem compartilhar o mesmo ar, sentir sem poder abraçar, manter o coro vivo mesmo
sem presença física.
O arranjo de John Wiggins, o piano de Hely
Drummond e a canção dos Beatles, tão marcada pela memória e pelo
afeto, encontraram ali um espaço natural. Cada cantor gravou no seu tempo, no
seu ambiente, mas o resultado foi um só, um coro que se recusou a deixar a
distância calar o que nos unia.
Esse vídeo é, no fundo, um lembrete de que muitas das
coisas que amamos ficaram suspensas naquele período, mas não desapareceram.
Esperaram, como nós. E voltaram.
Para quem quiser rever esse respiro de 2020, deixo aqui o
vídeo.
🎬 In my life, Beatles - Coro Madrigale
Editar esse vídeo foi tão difícil, pq o coração doía a cada memória. Mas ver que voltamos, diferentes, é fato, mas voltamos a fazer música juntos, aquece o coração.
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