Pouco se pensa
que um coro, como uma orquestra, é montado e construído segundo uma especificidade
que pode estar relacionada com a sua ligação com uma instituição e/ou sua
função dentro de uma comunidade, grande ou pequena.
Coros
direcionados para segmentos musicais específicos diferem, e esta diferença não
acontece basicamente na formação do coro, mas no caráter estabelecido para cada
um de acordo com a sua funcionalidade. Os coros especialistas em repertório
operístico, por exemplo, cantam atuando, o que exige uma formação técnica mais
elaborada por parte de seus integrantes que, de um modo geral são cantores
profissionais, com formação em bel canto e
desenvolvimento em cena teatral. Além disso, exige-se dos cantores uma boa
projeção de voz, para teatros e palcos amplos, e uma capacidade de alcançar uma
sonoridade uniforme, em que nenhuma voz sobressaia. Os integrantes podem atuar
como solistas ou coadjuvantes dentro da obra sendo executada e, via de regra,
trata-se de conjuntos com um número elevado de cantores (de 60 a 100 pessoas).
Como outro
exemplo, os coros sacros têm um papel estritamente funcional, pois existem
enquanto associados a uma instituição religiosa, cantando preferencialmente, ou
exclusivamente, música sacra e religiosa. Sua participação em cultos, com
função litúrgica, é seu objetivo principal e isso determina seu repertório e a
forma de cantá-lo. Numa celebração religiosa, a música não é o mais importante,
tendo um caráter subsidiário ao serviço ritual; o peso do texto habitualmente
se sobrepõe ao desenvolvimento melódico e rítmico; além disso, os cantos não
precisam ser harmonizados, podendo ser cantados em uníssono.[1]
Quase nunca os cantores de coros são profissionais, sendo que sua formação musical
pode muitas vezes acontecer ao longo de sua experiência no próprio coro, o qual
normalmente tem mais flexibilidade em relação aos integrantes que nem sempre
são fixos ou regulares.
Os coros de
câmara, talvez o segmento mais comum no Brasil, são conjuntos menores, com um
número que varia de 15 a 40 cantores, que interpretam obras destinadas ao
instrumento coral. Isso significa que eles se voltam para peças que foram
compostas especialmente para um grupo de vozes geralmente mistas – homens e
mulheres – que cantam simultaneamente melodias distintas e que exploram a
diversidade das possibilidades de emissão do som pelo ser humano (não se
limitando, portanto, ao canto, mas incluindo ruídos, gestos e percussão
corporal). Em linhas gerais, entre os homens, as vozes variam do baixo,
registro mais grave, ao tenor, mais agudo; os timbres femininos se dividem, grosso modo, em soprano (agudo) e contralto (grave). Naturalmente há vozes em
posições intermediárias, meio-sopranos e barítonos. O repertório dos coros de
câmara é executado quase sempre a cappella,
ou seja, sem acompanhamento instrumental. Caracterizam-se pela não
funcionalidade e por isso são variáveis com relação ao repertório que
interpretam. A qualidade do conjunto, bem como a elaboração do repertório
desenvolvido por ele, está diretamente associada à qualidade dos cantores que
compõem o coro, sendo tanto melhor quanto mais cantores com formação musical e
de canto o compuserem.
Continuo ainda...
[1]
Vale dizer que essa é uma realidade brasileira, pois, em diversos países da
Europa, em que é comum a formação musical básica ser oferecida em idade
escolar, é possível ver os fiéis cantando acompanhando partituras e seguindo a
melodia mais compatível com o seu tipo de voz (grave ou aguda). O uníssono é
marcado pela execução de uma mesma melodia por todos os executantes, variando,
no máximo, a oitava, de forma que a textura do som seja homogênea como se
houvesse uma única voz.
E o Mad? :-)
ResponderExcluirO Mad faz sempre parte desse maestro e estará sempre aqui representado.
ResponderExcluirO Mad faz sempre parte desse maestro e estará sempre aqui representado.
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