(Por Bambis e Arnon Oliveira)
Se há um grupo no Núcleo de Música Coral que parece carregar
um pequeno carnaval dentro de si, esse grupo é o Coral Litterarum. Não
no sentido da festa ruidosa, mas na vibração das cores, no gesto que dança, no
brilho nos olhos de quem canta. Eles não entram no palco: eles chegam com
aquilo que só a comunhão amadora propriamente dita consegue produzir.
O Litterarum é um lembrete vivo de que o canto coral pode
ser, também, um espaço de invenção e liberdade. E muito disso nasce do trabalho
do regente Victor Medeiros, que não dirige apenas vozes, mas
possibilidades.
No Litterarum, cada pessoa tem um lugar. E esse lugar não é
apenas vocal, mas expressivo. Victor incentiva que cada talento individual se
torne parte da apresentação: duas coristas recitam um poema; outra marca o
pulso com percussão, puxando a plateia para bater palmas; o grupo dança,
move-se, respira em conjunto; e o concerto se encerra com o dueto improvável e
encantador entre a gaita (harmônica) e o violino, tocado pelo próprio regente.
Não há constrangimento, não há hierarquia estética rígida,
não há medo do lúdico. O que há é comunidade. Em suma: o Litterarum é um grupo
que canta como vive: com espontaneidade, coragem e alegria.”
As músicas escolhidas, Banaha, Vilarejo, Costura
da Vida, Simplicidade e Felicidade, formaram uma paleta de
afetos e narrativas que combinavam com o espírito do coro. São obras que dizem,
de modos diferentes, que a vida é feita de pequenos gestos, de encontro, de
partilha. E, de certa forma, esse repertório funciona como autobiografia do
grupo: leve, orgânico, próximo do público.
O Litterarum ligado à FALE (Faculdade de Letras da UFMG). É
um coro amador e é justamente naquilo que poderia ser limite que surge sua
força. Entre desafios de afinação, tessitura e disciplina cênica, o grupo se
organiza como pode, e faz um trabalho extraordinário para a comunidade. Não
pela perfeição, mas pela verdade artística que produz. Victor extrai de cada um
o que cada um tem para dar, e, no fim, o que chega ao público é um retrato
coletivo, sincero e luminoso.
Eles têm a alegria como método. Enquanto outros grupos
constroem a performance pela elegância, pela densidade ou pela solidez técnica,
o Litterarum constrói pelo entusiasmo. E isso não é pouca coisa: entusiasmo, no
sentido original da palavra, é “estar cheio de Deus”.
Ao vê-los cantar, fica claro que ali existe algo que
ultrapassa a técnica: um desejo profundo de estar juntos, de fazer arte com as
mãos e com o corpo inteiro, de transformar a rotina em ritual. E talvez seja
por isso que eles ocupam o palco com tanto magnetismo. Eles cantam como quem
celebra. E celebram como quem agradece.
Parabens pelos texto. Realmente, de forma poetica, colocou em palavras e nos descrebeu. Obrigada pelas docura das palavras.
ResponderExcluirLindo texto! Uma otima representação em palavras do que nós sentimos e gostariamos de transmitir nas apresentações :D
ResponderExcluirQue resenha encantadora! Um belo, sensível e verdadeiro perfil do que fazemos. Muito obrigada!
ResponderExcluirÉ, de fato, lindo de ver! Um encanto, uma simpatia, um prazer de estar junto, de cantar junto. E o público é arrebatado pra viver essa experiência de canto e vida! Realmente contagiante!
ResponderExcluirParabéns pelo texto! Captou lindamente a essência do que é ver o Coral Litterarum e cant(ação)!
ExcluirO coral Litterarum é coisa linda de ver! Emociona de verdade!
ResponderExcluirNossa! Que capricho! Tudo feito com muito carinho. Parabéns ao grupo.
ResponderExcluirEmocionada ao ler esse relato poético e sensível do que é ser Litterarum! Parabéns ao autor por conseguir capturar a essência do Litterarum.
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