Revisitar o Madrigal Renascentista é como voltar a um ponto de origem. Sua história começa em 1956, quando um grupo de jovens, movidos pelo entusiasmo da música e pela força de um tempo em transformação, deu corpo a um coro que logo ultrapassaria os limites de Belo Horizonte.
Era um Brasil que respirava modernização, mas também tensões políticas. Em Minas, a vida cultural se agitava: universidades se expandiam, teatros se consolidavam, grupos artísticos nasciam com o impulso de afirmar uma identidade própria. Foi nesse ambiente que surgiu o Madrigal, trazendo o nome Renascentista como um manifesto de estética e de visão de mundo.
O livro descreve esse início como um gesto coletivo, mas
também como fruto da liderança de jovens regentes e cantores que começaram,
mineiramente, quase por acaso, ali na casa de Carlos Alberto Pinto Fonseca,
solfejando coletivamente, polifonicamente, algumas peças renascentistas que
ele, Isaac Karabtchevsky e Carlos Eduardo Prates estavam descobrindo nas aulas
com Koellreutter em São Paulo. Na conjunção com Maria Lúcia Godoy, Malinha e Melinha,
Terezinha Miglio e outros não menos importantes, perceberam que aquilo era mais
do que um simples ajuntamento e se propuseram a uma apresentação. Coisas que a
juventude permite sem grandes preocupações. Não demorou muito para acreditarem
que a música coral poderia ocupar um espaço de protagonismo no cenário belorizontino,
mineiro e brasileiro. Depois, veio a Europa...
Uma bela história que, eu acredito, merece ser lida porque ajuda a entender não apenas a gênese de um grupo, mas também a atmosfera de uma cidade e de um país. O Madrigal Renascentista nasceu pequeno, mas nasceu com vocação de grandeza: era, ao mesmo tempo, o ensaio de uma obra e o esboço de uma política cultural.
👉 Ao longo dos próximos
textos, trarei muito dessa pesquisa sobre o Madrigal e sobre o movimento coral
em Belo Horizonte. Mas também abrirei espaço para outros cenários que merecem
atenção. Vamos ver...
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