domingo, 21 de setembro de 2025

A fundação de um coro (Madrigal Renascentista)

 Revisitar o Madrigal Renascentista é como voltar a um ponto de origem. Sua história começa em 1956, quando um grupo de jovens, movidos pelo entusiasmo da música e pela força de um tempo em transformação, deu corpo a um coro que logo ultrapassaria os limites de Belo Horizonte.

Era um Brasil que respirava modernização, mas também tensões políticas. Em Minas, a vida cultural se agitava: universidades se expandiam, teatros se consolidavam, grupos artísticos nasciam com o impulso de afirmar uma identidade própria. Foi nesse ambiente que surgiu o Madrigal, trazendo o nome Renascentista como um manifesto de estética e de visão de mundo.

O livro descreve esse início como um gesto coletivo, mas também como fruto da liderança de jovens regentes e cantores que começaram, mineiramente, quase por acaso, ali na casa de Carlos Alberto Pinto Fonseca, solfejando coletivamente, polifonicamente, algumas peças renascentistas que ele, Isaac Karabtchevsky e Carlos Eduardo Prates estavam descobrindo nas aulas com Koellreutter em São Paulo. Na conjunção com Maria Lúcia Godoy, Malinha e Melinha, Terezinha Miglio e outros não menos importantes, perceberam que aquilo era mais do que um simples ajuntamento e se propuseram a uma apresentação. Coisas que a juventude permite sem grandes preocupações. Não demorou muito para acreditarem que a música coral poderia ocupar um espaço de protagonismo no cenário belorizontino, mineiro e brasileiro. Depois, veio a Europa...

Uma bela história que, eu acredito, merece ser lida porque ajuda a entender não apenas a gênese de um grupo, mas também a atmosfera de uma cidade e de um país. O Madrigal Renascentista nasceu pequeno, mas nasceu com vocação de grandeza: era, ao mesmo tempo, o ensaio de uma obra e o esboço de uma política cultural.


 Cantoras fundadoras do Madrigal Renascentista. Da esquerda para a direita: Carmen Lúcia Gomes Batista; Clementina Lima Costa; Maria Lúcia Godoy; Yeda Prates Octaviani Bernis; Norma Augusta Pinheiro Graça; Ana Maria Godoy; Alda Perilo; Lúcia Amélia Prates; Lucíola Teixeira de Azevedo; Maria Amélia Martins, Maria Amália Martins e Terezinha Miglio. (Acervo Madrigal Renascentista)

👉 Ao longo dos próximos textos, trarei muito dessa pesquisa sobre o Madrigal e sobre o movimento coral em Belo Horizonte. Mas também abrirei espaço para outros cenários que merecem atenção. Vamos ver...

 E quem não viu o post anterior, o livro está aqui: o_coro_do_brasil_o_madrigal.pdf

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