Em 1958, apenas dois anos após sua estreia em Belo Horizonte, o Madrigal Renascentista embarcou em sua primeira excursão internacional. O itinerário foi impressionante: Portugal, Espanha, França, Bélgica, Holanda, Suíça, Alemanha e Itália. De Minas Gerais para a Europa, um coro ainda amadurecendo em sua proposta artística se apresentava em alguns dos principais centros culturais do velho continente.
Não se tratava apenas de música. O Brasil vivia os anos do governo JK, marcados pelo desejo de mostrar ao mundo um país moderno, dinâmico e culturalmente sofisticado. O Madrigal, com sua qualidade musical e repertório refinado, encaixava-se perfeitamente nessa imagem.
Essa excursão de 1958 foi, na prática, um ato de diplomacia cultural: a música usada como cartão de visitas, como ponte entre nações. Cada concerto funcionava como afirmação de que o Brasil podia dialogar de igual para igual no cenário internacional, levando uma mensagem de cultura e modernidade.
Por trás desse feito, havia circunstâncias concretas: o
apoio do governo, as conexões culturais de Minas, a mediação de instituições
como a Pró-Arte, tudo isso foi determinante. Não se pode ler a história como
mero triunfo espontâneo: havia talento, mas também contexto político e redes de
poder que abriram caminhos.
O Madrigal Renascentista consolidava-se, assim, como símbolo de um projeto de país. A música atravessava fronteiras, mas também carregava consigo a representação de um ideal político e cultural.
São muitas as informações e detalhes dessas viagens, mais do que caberia registrar num espaço de blog. Por isso, mais uma vez, convido os leitores a baixarem o livro O Coro do Brasil: o Madrigal Renascentista, no link o_coro_do_brasil_o_madrigal.pdf, onde essa história é contada de maneira mais ampla.
Madrigal em Portugal (1958)
👉 Nos próximos textos,
quero trazer episódios específicos dessa excursão e refletir sobre o que ela
significou: para o Brasil que buscava se afirmar no exterior e para o conceito
de diplomacia cultural que guiava esse movimento.
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