quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Encontro de Corais do NMC (3): Coral da Engenharia - A Elegância do Essencial

(por Bambis e Arnon Oliveira)

Alguns coros encantam pela grandiosidade, pela quantidade de vozes, pela densidade sonora. O Coral da Engenharia encanta por outra via: pela elegância do essencial. 
É um grupo menor, amador, que enfrenta desafios muito concretos, especialmente a divisão em quatro vozes, mas que transforma esses limites em potência criativa. Sob a regência de Gustavo Paiva, o coro encontrou uma identidade que não tenta imitar nenhum modelo idealizado. Pelo contrário: o grupo floresce exatamente onde está, com os recursos que tem, e cria a partir disso uma expressão muito própria.

Trabalhar com poucos cantores exige precisão, escuta próxima e humildade artística. Cada entrada conta, cada respiração se torna estrutural. Cada voz individual precisa compreender o desenho do todo. E é justamente aí que o Coral da Engenharia se destaca: na capacidade de fazer muito com pouco, de oferecer um resultado musical que surpreende pela naturalidade. Nada soa forçado, nada soa maior do que pode ser. O coro faz sua música dentro da sua verdade, e isso chega ao público com nitidez. Canta um repertorio elegante, e consegue entregar com qualidade o que propõe, principalmente considerando todas as limitações.

A escolha do repertório para o encontro revelou o cuidado do Gustavo em dar ao grupo uma paleta musical variada e significativa:
• When Jesus Wept
• Sanctus
• Cantata Louvação para Irmãs Clarissas (Frei Joel – Louvores de São Francisco)
• Dois Rios
É um leque que atravessa o sacro e o popular, o introspectivo e o expansivo. E o coro respondeu a essa variedade com uma musicalidade tocante, encontrando caminhos para interpretar cada obra de modo coerente, simples e verdadeiro. Não se trata de exibir virtuosismo, mas de servir a música. E essa postura, no contexto de um coro amador universitário, é uma conquista rara.

O Coral da Engenharia é feito por estudantes de um curso intensamente técnico, pesado, exaustivo. E talvez por isso mesmo, cantar se torne ali um ritual de respiro, uma pausa que reorganiza o mundo. E esse ritual/canto é honesto, limpo e coerente. E essa honestidade musical, quando encontra um bom regente e um repertório escolhido com inteligência, produz algo que talvez seja a verdadeira essência do canto coral universitário: a arte feita de encontro, de tentativa, de alegria simples e de compromisso com o que é possível. E, como sabemos, o possível, quando iluminado, vira belo.









Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu nome e e-mail para que eu responda. Obrigado.

Riu Riu Chiu - Viva Amin Feres!!!

Ouvir Riu Riu Chiu na apresentação do Coro da Nova, dias atrás, foi como abrir uma janela para o passado. A peça, um villancico (canção na...