Amanhã, dia 29 de março, teremos o
Requiem de Verdi aqui em Belo Horizonte, no Palácio das Artes. E eu estarei lá,
não para apreciar o som da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, que eu gosto
muito, nem do Coro Lírico, tão bem trabalhado pelo Maestro Lincoln Andrade, mas
para assistir à combinação dos dois, além dos solistas, nas mãos do Maestro
Sílvio Viegas, esse bom filho que retorna aos palcos mineiros, trazendo, além
da esperança de novos e brilhantes sons, a experiência adquirida em outras
casas, através de orquestras e coros.
Talvez alguns não entendam o por que da
escolha de um Requiem, por parte do maestro, para uma estréia, já que se
poderia esperar obras musicais de caráter brilhante e apoteótico. Mas, para
mim, nada seria mais natural. Conheço o maestro desde os tempos de escola, e se
uma palavra resume bem Sílvio, essa palavra é dedicação. Dedicação à música
partindo do que há de mais essencial nela.
E, mais uma vez, por que o Requiem?
Porque significa muito para aqueles que tiveram na sua formação o Senhor
Magnani, figura da qual falo tanto. Na minha humilde visão, não se trata apenas
de uma homenagem, mas também da afirmação perante uma sociedade, leiga e
musical, que uma lição foi aprendida e apreendida. Assisti um pequeno vídeo
promocional do concerto, na última semana, que me trouxe um sorriso aos lábios.
Lá, o maestro dizia ser o Requiem uma obra acima de tudo humana. Ah!!! Frescor
de palavras humanistas de um músico que sempre amou o universo operístico, mas
que entende na obra de Verdi um testamento maior de um compositor de gênero que
soube trazer ao mundo, através de um texto essencialmente sacro, uma ópera na
melhor concepção de oratório. Impossível ouvir o Requiem sem imaginar as cenas
da Divina Comédia, de Dante Alighieri, trazidas ao palco pelo compositor
italiano. E quem lhe ensinou isso? Um outro italiano.
Feliz e torcendo muito, eu digo: Vá lá,
Sílvio! Mostre-nos estas cenas todas, tão repletas de uma profundidade humana
que entende a música como uma extensão de paixões intensas e cheias de esplendor.
Cenas de um compositor que se dizia anti-religioso, mas que era, acima de tudo,
capaz de se emocionar com a morte de Manzoni e não conseguir, a não ser através
de um Requiem, mostrar o tamanho de sua emoção acerca da perda. E que, além
disso, essa obra musical abra os caminhos para uma temporada especial e uma seqüência
de trabalho profícua e sincera.
E que o melhor sorriso de Magnani lhe diga:
SALVE, SÍLVIO!!!
Belas e sábias palavras, Arnon!
ResponderExcluirBravo Maestro Arnon!
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