terça-feira, 8 de março de 2016

Sobre o livro de Magnani (2)

Escrito em um período em que o maestro gozava de uma consciência musical muito além da compreensão da maioria, este livro tem como objetivo atender a dois mundos muito específicos; é um livro escrito para os homens de cultura, capazes de entender os primeiros capítulos, nos quais Magnani discorre sobre Estética Musical e, o que mais importante para ele neste livro, a Fruição Musical; e é também escrito para os estudantes, tão necessitados de informações proporcionadas por um humanista que viveu a música intensamente durante 80 anos. Em suma, um “manual” formativo.

Entendia ele, que a Fruição Musical raramente é acompanhada de uma verdadeira tomada de consciência cultural, e que um dos empecilhos era a diversificação da literatura especializada, a qual se direcionava (e continua ainda hoje) a uma linguagem literária de elevada inspiração, mas propositalmente afastada do concreto sonoro. Reflexo disto é que, a cada dia se produzem mais e melhores músicos no aspecto técnico, mas com, cada vez menos, um conhecimento cultural muito aquém deste desenvolvimento (esta já era uma das reclamações de Magnani na década de 1990).

Neste sentido, este livro foi montado como um direcionador de estudos para a formação de um músico na acepção do termo, como era entendido pelo maestro, o qual fazia uma distinção clara entre instrumentista e músico. Tanto proporciona uma visão geral de estética, história, orquestração e estilística comparada da música, quanto orienta na busca das informações necessárias para um aprofundamento em cada um destes pontos.

Finalizando: o que dizer de um livro que, há anos, proporciona, a cada nova leitura, um direcionamento claro e preciso, mas sempre novo, para o conhecimento do universo musical?

Viva Magnani!!!


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