Músicos, ao contrário do que uma boa
parte das pessoas acredita, também lêem. Pelo menos, aqueles que, como eu,
tiveram a sorte de conviverem com mestres como Sergio Magnani. No meu caso, o
contato com o Maestro, grande italiano mais mineiro do que muitos que aqui
vivem, foi fundamental para uma paixão pela leitura que extrapola, e muito, o
universo da partitura musical.
Dizia ele que o contato com os mestres
da filosofia era imprescindível para o entendimento necessário a qualquer
maestro no que tange à arte da condução de grupos, mas, ditava uma norma
interessante que demanda tempo e paciência a qualquer um, o que, é claro, não
vem de encontro às formações em alta velocidade dos tempos modernos. Mas,
ensinava ele que, antes de ler os filósofos, é necessário passar por duas
etapas de leitura: a primeira, a leitura do máximo que se conseguir dos mestres
de sua língua; a segunda, a leitura do máximo que se conseguir dos mestres
universais; e, aí sim, entrar em contato com os clássicos (como ele chamava os
mestres da filosofia).
Anos foram necessários para que o
entendimento de que boa parte da música sacra de vários compositores, da
renascença até o romantismo, se baseava intrinsecamente na Divina Comédia de
Alighieri, para que a lembrança de Magnani viesse como uma lágrima que traz, de
dentro do coração, a memória do precioso presente de um mestre, o qual nem
sempre foi tão valorizado e compreendido quanto deveria.
Mas, mesmo depois de vários Machados e
Azevedos, (sendo O Cortiço o livro de cabeceira) e de Dantes e Shakespeares,
cabe citar um que, específico da música, constitui livro que mudou a minha
maneira de pensar a música interpretativamente, por se tratar do livro deixado
por ele próprio: Expressão e Comunicação na Linguagem da Música. E sobre este,
eu falo um pouco no post de amanhã.
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