Tenho passado um bom tempo ouvindo coros pelo mundo, em gravações e vídeos que encontro nas redes. É um exercício que me inspira e me ensina como diferentes culturas tratam o canto coral e como cada país transforma essa arte em algo que lhe é próprio. Às vezes, basta uma simples audição para perceber a alma de um grupo e como eles são vistos dentro da comunidade na qual estão inseridos.
Foi assim que me chamou a atenção o trabalho das escolas Westlake
Girls e Boys High Schools, em Auckland, na Nova Zelândia. Apesar de serem
duas instituições diferentes, uma feminina e outra masculina, elas compartilham
um mesmo projeto musical, que é simplesmente exemplar. De um lado, o coro
feminino Cantare, regido por Fiona Wilson, impressiona pela
delicadeza e pureza das vozes. Do outro, o coro masculino Voicemale,
dirigido por David Squire, traz uma energia vibrante e sonora, cheia de
vitalidade e precisão. Mas é quando esses dois grupos se unem que o resultado
se torna realmente especial: nasce o Choralation, um coro misto formado
por alunos e alunas das duas escolas.
O Choralation é um daqueles coros que a gente ouve e logo
percebe o quanto há de seriedade, dedicação e amor pela arte coral. Eles
participam com frequência do The Big Sing, um grande festival nacional
de coros estudantis na Nova Zelândia. É um evento que movimenta escolas de todo
o país e revela o quanto o canto coral está vivo entre os jovens.
Pessoalmente, confesso que não sou muito fã da ideia de
concurso, porque a música, para mim, não combina com a lógica da
competição. Mas gosto do que esse festival parece provocar: encontros, trocas,
descobertas, novas amizades e, principalmente, a alegria de cantar junto. E
nisso, o Choralation é um exemplo bonito.
O repertório passeia por nomes como Poulenc, Whitacre e
Lauridsen, mas também valoriza compositores neozelandeses e arranjos que
misturam tradição e contemporaneidade. Mais do que uma disputa de resultados,
suas apresentações soam como celebrações, jovens respirando juntos,
compartilhando o prazer de fazer parte de algo maior.
É bonito ver um coro escolar alcançar esse nível artístico e
humano. Eles mostram, na prática, o poder que a música tem de transformar e de
educar, e talvez seja isso que mais me toca: perceber que, mesmo tão longe,
esses jovens vivem a mesma emoção que move todos nós que amamos o canto coral:
o desejo simples e profundo de cantar juntos.
Westlake
Girls and Boys High Schools, Choralation | Hela Rotan – trad. Indonesian, arr.
Ken Steven
Westlake Girls High School, Cantare | Canción de jinete – Einojuhani Rautavaara
Westlake Boys High School, Voicemale | Mack the Knife - Kurt Weill & Bertolt Brecht, arr. Mark Hayes
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu nome e e-mail para que eu responda. Obrigado.