Há concertos que nos emocionam, e outros que nos revelam. Este texto nasceu de um desses momentos, após ouvir o muito esperado concerto de um coro que, em outro tempo, mudou minha vida... um reencontro com o passado e com o ouvido que o tempo transformou. Não é uma crítica, é uma escuta.
A igreja estava cheia.
O mesmo nome no programa, o mesmo tremor no coração, mas outra vida em mim.
As vozes começaram, e esperei o arrepio.
Ele não veio.
Veio o silêncio, e com ele, um eco distante: o jovem que eu fui, de olhos
abertos e coração em brasas.
Hoje ouço com outro ouvido.
Não procuro mais o som que impressiona, procuro o som que confessa.
E o coro, afinado, limpo, impecável,
não me confessou nada.
A beleza que antes me incendiava agora repousa em mim, discreta, quase secreta.
Talvez o coro tenha mudado.
Talvez quem mudou fui eu.
Mas entre o que foi e o que é, aprendi algo simples:
o verdadeiro concerto acontece dentro da alma que escuta.
E com essa constatação, levantei-me e saí.
Frustrado? Sim. Mas com a estranha sensação de...
Completude.
Um comentário:
Tanto mar, tanto mar...e as águas nunca são as mesmas, né?
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