sábado, 25 de outubro de 2025

Bohemian Rhapsody — quando o coral encontra o épico

Há músicas que parecem ter sido escritas para o impossível, e Bohemian Rhapsody, do Queen, é uma delas. Lançada em 1975, a obra de Freddie Mercury não é apenas uma canção, mas uma pequena ópera em si: seis minutos de puro espanto musical, onde o rock, a balada e o drama se entrelaçam em um arco teatral de intensidade e invenção.

Transpor tudo isso para o universo coral é um desafio. Mas há arranjadores que sabem transformar o impossível em beleza, e Mark Brymer é um deles. Seu arranjo coral de Bohemian Rhapsody é uma verdadeira arquitetura de vozes: respeita o espírito da obra original, mantendo a simplicidade do arranjo, mas oferece ao coro a chance de viver o espetáculo de dentro.

Brymer não tenta imitar a banda, ele a traduz. Faz com que o coral respire junto com o piano, recrie a textura das guitarras, desenhe os contrastes entre o lirismo da introdução e a força explosiva do final. Cada voz encontra seu papel na dramaturgia musical: sopranos que cortam o ar como luz, baixos que sustentam a densidade da terra, contraltos e tenores costurando o meio com energia e precisão.

E, para dar corpo a essa sonoridade, o Madrigale contou com uma banda excepcional:

Elias Santos (violão e guitarra)

Hugo Silva (baixo)

Júlio Bastos (piano)

Phil Rezende (teclados)

Gui Stephan (bateria).

Foi com eles que o coro encontrou o equilíbrio perfeito entre a força do rock e a harmonia coral, uma fusão que fez vibrar cada nota como se o palco respirasse.

No concerto Madrigale canta o mundo, o público reconheceu a melodia, mas ouviu algo novo: um Queen multiplicado em muitas almas, onde o rock se fez polifonia e o épico se tornou humano. Naquele momento, o teatro inteiro parecia respirar junto. Foi arrepiante!!!

E talvez seja essa a grande força da música coral, transformar o que era individual em comunhão sonora, fazer do espetáculo uma experiência de presença.

 

🎧 Para quem quiser conhecer o arranjo:

Madrigale Pop Internacional – 02. Bohemian Rhapsody

 

@jorgepereirafotografo

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