Pouco se pensa que um coro, assim como uma orquestra, é um organismo construído com propósito. Cada coro nasce a partir de uma intenção: institucional, comunitária, artística ou litúrgica; e essa origem determina sua forma, sua sonoridade e seu modo de existir.
Coros especializados em repertório operístico, por exemplo,
diferem profundamente de outros. São formados, em geral, por cantores
profissionais, com sólida formação técnica e cênica. Cantam atuando, o que
exige domínio de palco, projeção de voz e uma uniformidade sonora capaz de
preencher grandes teatros sem perder clareza.
Já os coros sacros cumprem uma função distinta. São coros de serviço, voltados à liturgia, ao acompanhamento dos ritos religiosos. Ali, a música não é o fim, mas o meio: ela serve ao texto e ao gesto do culto. Por isso, as melodias são simples, diretas, e muitas vezes entoadas em uníssono. Quase nunca os cantores de coros são profissionais, sendo que sua formação musical pode muitas vezes acontecer ao longo de sua experiência no próprio coro, o qual normalmente tem mais flexibilidade em relação aos integrantes que nem sempre são fixos ou regulares.
Os coros de câmara, talvez o formato mais difundido no Brasil, ocupam outro espaço. São conjuntos menores, entre 15 e 40 cantores, dedicados à música coral em seu sentido pleno, isto é, àquilo que foi composto especialmente para o coro como instrumento. Cantam a várias vozes, explorando timbres, texturas e possibilidades do som humano: da respiração ao gesto, da palavra ao silêncio. Frequentemente cantam a cappella, sem acompanhamento instrumental, e seu repertório é livre, podendo ir da Renascença ao contemporâneo, do sagrado ao popular. A qualidade do conjunto, bem como a elaboração do repertório desenvolvido por ele, está diretamente associada à qualidade dos cantores que compõem o coro, sendo tanto melhor quanto mais cantores com formação musical e de canto o compuserem.
Continuo ainda...
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